O lado obscuro do empreendedorismo no Brasil

@prof.sandroprado

Com a divulgação dos novos números do empreendedorismo no Brasil pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), mudanças substanciais e previsíveis podem ser percebidas na economia em tempos de crise sanitária, econômica e, principalmente, política. Atualmente o Brasil possui 44 milhões de empreendedores, mais de 20% da população. No entanto, mesmo com as facilidades e baixo custo para se tornar Micro Empreendedor Individua (MEI), 25 milhões são informais – não possuem CNPJ.

Os números demostram que o desemprego foi o grande motivador para as pessoas empreenderem. O motivo que levou a maioria absoluta das pessoas (83%) a empreender é a escassez de emprego. Atualmente, cerca de 14,8 milhões de pessoas estão desempregadas. Estes números não devem retroceder nos próximos meses, mesmo com a previsão da criação de novos postos de trabalho, devido ao fato de muitos trabalhadores – sem emprego, que querem trabalhar e não procuram – estarem desestimulados em procurar trabalho ou se acomodaram por receberem o auxílio emergencial. Se voltarem a procurar emprego, o contingente de pessoas desempregadas no Brasil ultrapassará os 21 milhões.

Um novo fenômeno foi provocado, em parte, pela Reforma da Previdência. Cerca de 1,5 milhões de brasileiros entre 55 e 64 anos abriram um novo negócio após perderem seu emprego e não conseguirem recolocação. O número também é crescente entre os aposentados e pensionistas que abrem um negócio pela impossibilidade de se sustentarem com as aposentadorias. Fenômeno que tende a aumentar caso novas políticas públicas não sejam implementadas, com extrema urgência, pelo Governo Federal.

A crise e a desesperança em conseguir emprego e o advento das redes sociais como canal de comunicação e distribuição levou ao aumento substancial no número de pessoas com nível superior a empreender. Em 2017 eram 6% do total, passando a 24,4 – cerca de 11 milhões – na última pesquisa da GEM. Aguardando por ventos de 60km por hora, neste final de semana, e pelo “Plano Retomada” anunciado pelo Governo de Pernambuco, os pernambucanos aguardam que a meta der criar 130 mil novos empregos no estado, até o final de 2022, seja atingida.

Sandro Prado é economista e consultor.