Vale a pena investir na Caderneta de Poupança?

Por Sandro Prado

A Caderneta de Poupança é o investimento mais conhecido dos brasileiros. E não poderia ser diferente, em janeiro deste ano, ela completou 160 anos. Sua história é entrelaçada com a da Caixa Econômica Federal que, no Decreto da sua criação, só possuía dois produtos: o penhor e a poupança. O investimento denominado Poupança ganhou o prenome Caderneta devido ao fato de que todas as anotações de rendimentos e movimentações, eram apontadas em uma caderneta.

Possuir uma Caderneta de Poupança é relativamente simples e não há necessidade de escolher previamente a melhor Instituição Financeira para a sua abertura. Todas as Instituições seguem as mesmas regras, não cobram taxas e oferecem a mesma rentabilidade. A poupança é classificada como um investimento de renda fixa. O poupador não corre o risco de ver o montante aplicado reduzir como em investimentos de renda variável. Não são cobradas taxas e se sabe antecipadamente o rendimento que o investidor irá auferir. Não incide Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) nos rendimentos auferidos e possui total liquidez já que, “o saque do dinheiro”, pode ser feito “a qualquer momento”.

De janeiro de 1861 a maio de 2012 a Caderneta de Poupança tinha uma regra muito clara, juros de 6% ao ano (a.a.) mais correção monetária. Hoje, se a regra tivesse sido mantida, o rendimento anual da aplicação seria de 6% a.a. acrescido da Taxa Referencial (TR). A TR foi um instrumento criado com o intuito de controlar a inflação durante o governo do presidente Fernando Collor de Melo, conhecido pelo bizarro episódio do “Confisco da Poupança”. Desde 2017 a TR está “artificialmente” zerada.

Atualmente o rendimento da Caderneta de Poupança segue a seguinte regra: se a Taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) estiver acima de 8,5% a.a. a Caderneta de Poupança rende 0,5% ao mês (a.m.), acrescido da TR. No entanto, estando a Selic abaixo de 8,5% a.a., o rendimento passa a ser equivalente a 70% da Selic, acrescido da TR.

A partir do dia 5 de maio de 2021 o Comitê de Política Monetária (COPOM) alterou a Taxa Selic de 2,75% a.a. para 3,5% a.a. Com esta mudança a remuneração da Caderneta de Poupança passa a ser de 2,45% a.a. A Inflação acumulada, nos últimos 12 meses, está em 6,10% (IPCA). No dia 8 de maio, data da divulgação do IPCA de abril, o Índice acumulado será ainda maior. E, como popularmente costuma se dizer, “a Poupança está perdendo para a inflação”.

Desta forma, apesar das inegáveis vantagens de se aplicar na Caderneta de Poupança, com a inflação acima do teto da meta e a Selic relativamente baixa, investir na Caderneta de Poupança talvez nem possa ser rotulado como investimento. Então, vale a pena investir na Caderneta de Poupança?

Sandro Prado é economista e consultor