São Bento do Una e o Bife do Oião

@prof.sandroprado

A queda na renda média do brasileiro e os aumentos significativos nos índices de desemprego, de pobreza e de miséria, combinado com o aumento da demanda por carne suína, bovina e de ave no mercado internacional, resultou em um grande aumento no consumo de ovos no Brasil.

O aumento das exportações de proteína animal e a valorização destas comodities no mercado internacional pressionou o aumento do preço da carne no mercado interno. O preço das carnes disparou para o consumidor final, complicando ainda mais o orçamento familiar. A alta acumulada das carnes é de 35,68% nos últimos 12 meses superando, e muito, a inflação oficial que chegou a 8,06% (IPCA), no mesmo período.

Com todas estas variáveis o brasileiro, muito empobrecido e desalentado em plena recessão econômica no governo Bolsonaro, vem gradativamente substituindo a carne por ovos. O estado de Pernambuco, um dos mais castigados pelo recorde de desemprego no Brasil, com 21,3% da população economicamente ativa desempregada, tem um consumo per capita de ovos bem superior à média brasileira.

Este incremento considerável no consumo de ovos nos últimos anos foi muito comemorado pelo setor avícola brasileiro. Com a demanda média estagnada entre 2015 a 2017, quando o consumo médio por pessoa foi, respectivamente de 191, 192 e 190 ovos, teve em 2018 um grande salto na procura. O consumo médio em 2018 foi de 212 ovos, em 2019, aumentou para 230 ovos, encerrando o ano de 2020 com um consumo per capita de 251 ovos. A expectativa do setor é de que, 2021, encerre com um consumo médio superior a 260 ovos, pelos 211 milhões de brasileiros, ou seja, cerca de 55 bilhões de ovos. O pernambucano consume, em média, mais de 300 ovos por ano.

Pernambuco é o maior produtor de ovos do Norte e Nordeste e o quarto maior produtor de ovos do país, ficando atrás apenas dos 3 estados da região Sudeste: São Paulo, Minas Gerais e Espirito Santo. O Município de São Bento do Una – a capital do ovo do Norte e Nordeste – tem uma produção diária que supera os 5 milhões de ovos. As galinhas poedeiras de Pernambuco produzem diariamente mais de 10 milhões de ovos, tendo trabalhado incansavelmente nos últimos tempos.

No final de tudo isto, haja criatividade para a dona de casa! E você? Costuma consumir seus ovos acompanhando o pão? Mexidos? Cozidos? ou da forma cada vez mais encontrada no prato do pernambucano em substituição a carne, o famoso e nem sempre adorado “Bife do Oião”?

Sandro Prado é Economista e Consultor