Nem todos os economistas são iguais ou feliz dia dos economistas!

@prof.sandroprado

Início dos anos 90, quando entrei para cursar Economia na Universidade Federal de Juiz de Fora, já havia percebido que nem todos os meus colegas comungavam do mesmo pensamento que eu. Alguns eram extremamente minimalistas e julgavam o papel do Estado irrelevante para que as atividades econômicas e a distribuição de renda chegassem ao equilíbrio.

Foi assim que percebi que, parte significativa dos meus colegas, eram liberais e não tinham como preocupação central o ser humano e sim o mercado. Realmente fiquei impressionado como muitos amavam o tal do Mercado. O pior é que o Mercado não era um ser humano, como o Walter Mercado, famoso astrólogo dos anos 90, conhecido popularmente como “ligue já”.

Não os entendia e ainda não os entendo. Na verdade, não entendo a maioria dos Economistas. A economia estuda a escassez de recursos e sua distribuição pelos membros da sociedade. Então, como um economista não teria como um dos principais objetivos se debruçar sobre a distribuição da renda?

Os números da desigualdade são espantosos e, na minha percepção, inadmissíveis! Enquanto poucos, se deleitam com a riqueza e o consumismo, inúmeras pessoas morrem por problemas derivados da falta de ingestão de alimentos. De forma sucinta, a riqueza de uma mínima parcela da população é forjada sobre a pobreza e miséria de milhões de brasileiros. O consumo exacerbado de poucos é realizado em detrimento da falta de recursos financeiros para suprir as necessidades básicas de outros. Para ser mais preciso, como gostam os economistas, o 1% mais rico concentrou 49,6% de toda a riqueza do Brasil, em 2020 (Banco Credit Suisse).

O pior é que parte da população que possui um “bom emprego” ou é um pequeno empresário acha que é rico, ledo engano! Não estão inseridos, de forma alguma, nestes 1%. Hoje, muitos ignorantes, chamam os “economistas humanistas” de comunistas. Se ter a preocupação centrada no bem estar das pessoas ao invés de se preocupar apenas como o Senhor Mercado ¬– como parece ser a tônica de alguns colegas de profissão – é ser comunista, então, podem me chamar de comunista, que terei orgulho deste rótulo!

E, aos meus colegas economistas, que o dia 13 de agosto, Dia do Economista, seja um dia para refletirmos e melhorarmos nossas atitudes e, sobretudo, agirmos para construir uma sociedade mais justa, digna e fraterna para TODOS e não apenas para alguns.

Sandro Prado é economista e consultor.