Doria e Virgílio criticam Eduardo Leite por sugerir adiar prévias do PSDB

As candidaturas do governador João Doria (SP) e do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio nas prévias presidenciais do PSDB disseram que foram procuradas por representantes do governador Eduardo Leite (RS) para adiar o processo, marcado para o próximo domingo (21).

Em seu perfil no Twitter, Leite negou a proposta. “Não faz sentido postergarmos a decisão em um processo no qual trabalhamos com absoluta confiança na vitória”, escreveu. “Queremos todos os filiados com o app em mãos e decidindo o futuro do PSDB no dia 21″….

“A experiência adotada pelo PSDB oferece inúmeras alternativas confiáveis para a realização das eleições no prazo acordado”, afirma a nota. “Eleições não se adiam, se realizam.”

O pedido de adiamento teria ligação com o aplicativo de votação das prévias, encomendado à FAUFRGS (Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

O programa é ponto de discórdia interna no PSDB. Uma auditoria no sistema de votação recomendou “medidas mitigadoras” de eventuais falhas que pudesse apresentar. Essa conclusão levou ao questionamento sobre a segurança do sistema por pessoas do partido.

Aliados do tucano paulista acreditam que ele é um cavalo de Tróia destinado justamente a melar o processo –algo que interessaria, na visão deles, o grupo que apoia Leite comandado pelo deputado Aécio Neves (MG).

Aécio já disse que o PSDB não deveria se preocupar tanto em ter candidato a presidente, e sim em formar aliança e garantir uma boa bancada no Congresso. Seus adversários veem nisso uma tentativa de rebaixar o perfil da sigla e de controlá-la.

O aplicativo tem problemas de confiabilidade, segundo um relatório da empresa de criptografia Kryptus que circula na cúpula tucana. Por outro lado, o presidente do partido, Bruno Araújo, diz que o processo é seguro e está em constante aperfeiçoamento.

A celeuma começou com a inconstância das regras. O grupo de Doria defendia o aluguel de urnas eletrônicas do Tribunal Superior Eleitoral, o que foi considerado muito caro pelo partido. Foi organizada uma estrutura para receber eleitores em Brasília, com passagem e hospedagem pagas, e só depois o aplicativo surgiu.

Ele foi desenvolvido por uma universidade gaúcha, o que aumentou as desconfianças dado que é o estado de Leite. Araújo nega qualquer problema e ressalta que a Kryptus e a Universidade de São Paulo participaram da avaliação do produto.

Nesta segunda acabou o prazo para o credenciamento para as prévias. Cerca de 30 mil tucanos, em quatro grupos com pesos diferentes, devem participar das prévias. O partido tem mais de 1 milhão de filiados.
Com a confusão acerca do adiamento proposto, há o risco de uma judicialização antecipada do processo, que é tudo o que Doria e Virgílio não querem. O time do paulista acredita que ele terá uma vantagem de 60% a 40% sobre Leite, figura não diferente da vendida pelos aliados do gaúcho.