Por Jorge Lemos
Editor do Blog
Desde o início da década de 80, o Cabo de Santo Agostinho recebeu o titulo de cidade da morte por sempre aparecer no noticiário policial e devido ao grande índice de homicídios. Esse titulo, infelizmente, o município nunca perdeu. A cidade tem um potencial turístico, econômico e cultural de fazer inveja a qualquer outra localidade, mas últimamente tem enfrentado sérios problemas com a disputa pelo tráfico de drogas, o que gera uma sensação de insegurança nos cabenses. O avanço econômico com a chegada de grandes investimentos em Suape deixou também uma herança maldita de um caos social e um descontrole na gestão territoral. O município recebeu pessoas do Brasil inteiro em busca dos empregos que foram gerados no Complexo Portuário de Suape e logo depois da quebradeira econômica, muitas delas fixaram residência na cidade.
O número crescente da violência tem deixado a população com medo. No mês de setembro, 23 pessoas foram assassinadas no Cabo. Segundo dados da secretaria de Defesa Social do Estado, as vítimas foram homens e com idades entre 18 e 34 anos. O número de setembro é o maior desde abril de 2008. Nos nove meses de 2021, 124 pessoas foram assassinadas no Cabo de Santo Agostinho.
Na noite da segunda-feira, 25 de outubro, um fato chamou atenção da mídia nacional. O corpo do MC Pitibull da Firma que foi assassinado na madrugada do último domingo, na Avenida Laura Cavalcante, em Gaibu, foi desenterrado e queimado no Cemitério São José por rivais do MC. A vítima vinha sofrendo ameaças e um dia antes de ser assassinado postou em sua rede social um pedido de ajuda e socorro. Segundo ele, estava sendo confundido com outro rapaz envolvido em um homicídio.
O aumento da violência no Cabo foi pauta da sessão plenária realizada ontem, na Câmara de Vereadores. Os parlamentares encaminharam para a realização de uma audiência pública no dia 23 de novembro com a participação da SDS estadual e municipal, Ministério Público, comissão de segurança da Assembleia Legislativa de Pernambuco e representantes da sociedade civil.
Segundo o secretário de Defesa Social do Cabo, Pablo de Carvalho, a briga é pela gestão territorial do tráfico no município. “São novas facções que estão chegando e querendo comandar o território. Esses grupos estão vindo de outros municípios. A violência no Grande Recife e litoral está muito interligada. E esses homicídios crescem porque há a forte disputa pelo domínio ou retomada do comando do território , principalmente da venda de crack”, avalia o secretário em entrevista ao Jornal do Commercio.
O Cabo de Santo Agostinho está em segundo lugar no ranking das cidades brasileiras com maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes. Os dados foram divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os números são referentes ao ano de 2020.