O Complexo Industrial Portuário de Suape e a Universidade de Pernambuco (UPE), por meio do Instituto de Apoio à Universidade de Pernambuco (IAUPE), assinaram contrato para execução da iniciativa Raízes em Movimento: projeto de realocação e preservação cultural dos remanescentes do Quilombo Ilha de Mercês. O ato foi realizado na tarde desta quinta-feira (26/9), no Centro Administrativo da estatal portuária, e contou com a presença do diretor-presidente de Suape, Marcio Guiot; do vice-reitor da UPE, professor José Roberto Cavalcanti; do diretor do IAUPE, professor Pedro Falcão; e do presidente da Associação dos Remanescentes Quilombolas da Ilha de Mercês, Magno Emanuel Araújo.
A universidade foi escolhida pela singularidade e abrangente competência que a instituição oferece. Com a intermediação da IUAPE, a gestão de Suape se esforça para garantir a participação ativa da comunidade em todas as fases do projeto, desde o planejamento até a implementação. O objetivo principal da iniciativa é permitir que a realocação seja realizada de maneira respeitosa, inclusiva, sustentável, promovendo o bem-estar e a continuidade cultural do Quilombo Ilha de Mercês.
“Estamos comprometidos em garantir uma transição sustentável e inclusiva, preservando a cultura, a ancestralidade e os modos de vida tradicionais da comunidade. O projeto tem como base equilibrar o desenvolvimento econômico da região com o respeito aos direitos humanos, sociais e ambientais, assegurando que todos tenham acesso a habitações adequadas, serviços essenciais e oportunidades de emprego e renda, promovendo, assim, um futuro mais justo e equilibrado para todos”, comentou Marcio Guiot.
“A Universidade de tem uma comunidade acadêmica comprometida com os projetos sociais. Sendo assim, a partir das contribuições dos docentes, discentes e servidores de diferentes unidades de educação e saúde, vamos colaborar com a promoção de uma relação colaborativa e sustentável na comunidade quilombola da Ilha de Mercês e no Complexo Industrial Portuário de Suape. Será mais um projeto no qual a UPE colocará em ação suas práticas de ensino, pesquisa, extensão, inovação e serviços, presentes em todas as regiões de Pernambuco”, explicou o professor José Roberto Cavalcanti, vice-reitor da UPE.
O projeto foi dividido em cinco fases, com duração de dois anos. O escopo prevê a preparação e diagnóstico inicial; análise do contexto socioeconômico, ambiental, antropológico, histórico e cultural; planejamento estratégico e negociações de indenização e realocação; implementação e monitoramento; e, na última etapa, a publicação de um livro memorial sobre o Quilombo Ilha de Mercês, além da organização de eventos e exposições para celebrar a história, a cultura e as contribuições da comunidade quilombola.
“A execução do projeto Raízes em Movimento é fundamental para o Estado de Pernambuco, especialmente, para reforçar a relação da universidade com a comunidade a qual estará inserido. Os objetivos envolvem estudantes, docentes e servidores da UPE, com a interveniência do Instituto de Apoio à Universidade de Pernambuco. Buscaremos desenvolver ações que priorizem a população, as questões sociais, os direitos dos cidadãos, com atuação direta da universidade na mudança da vida das pessoas”, destacou o professor Pedro Falcão, diretor do IAUPE.
O Raízes em Movimento se alinha aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, priorizando a erradicação da pobreza, a proteção do planeta e a prosperidade para todos. Será baseado em uma cadeia de valor sustentável, com foco na redução de desperdícios e na equidade social. A inclusão das mulheres na gestão de negócios, o empoderamento dos jovens e a promoção de práticas regenerativas são pilares do projeto.
ILHA DE MERCÊS – A área, onde a comunidade está localizada, foi desapropriada pelo Governo de Pernambuco em 1992 para a empresa pública Suape, que a definiu como zona industrial. Em 2016, o Quilombo Ilha de Mercês foi certificado pela Fundação Palmares e está em processo de titulação pelo Incra desde 2017. A comunidade tem raízes nos latifúndios de açúcar da região.
O quilombo preserva uma rica cultura, com danças tradicionais, antigas tradições e a relação com a natureza. Apesar das transformações, locais simbólicos foram mantidos, como a antiga senzala, uma igreja e o baobá. A realocação é vista como uma forma de garantir os direitos quilombolas e possibilitar um desenvolvimento sustentável e inclusivo.