Após prisão, defesa do ex-presidente da Câmara de Timbaúba diz que Justiça está sendo usada para interferir na política

A defesa do vereador afastado e ex-presidente da Câmara de Timbaúba, Josinaldo Barbosa, preso no último dia 14 por suspeita de praticar esquema de rachadinha, afirmou que a justiça criminal está sendo usada como “instrumento para interferir na política”.

Os advogados do parlamentar afastado afirmaram que o mandado de prisão foi expedido por “juízo manifestadamente suspeito”, e que teve “clara tentativa de desestabilizar o trabalho da defesa não só de Josinaldo, mas também dos demais acusados”.

Josinaldo Barbosa foi preso no Fórum de Timbaúba durante uma audiência de instrução do processo. Ele é investigado por supostamente comandar um esquema de rachadinha que teria desviado R$ 2,9 milhões.

“A investigação policial que culminou com a deflagração das últimas buscas e apreensões […] já perdura por mais de 2 anos sem qualquer desfecho, e se baseia exclusivamente em delações premiadas firmadas pela Polícia Civil com políticos e pessoas ligadas à oposição local. Ou seja, sem provas mínimas da prática de qualquer ilícito por parte do vereador”, argumenta a equipe de defesa de Josinaldo, composta pelos advogados Yuri Herculano e Luís Gallindo.

“Reiterando a total confiança na Justiça brasileira, tem-se certeza que, em breve, restará comprovado, mais uma vez em nosso país, a utilização da justiça criminal como instrumento para interferir na política e subjugar a soberania popular”, finaliza o posicionamento, emitido na última quinta-feira (22).

Entenda o caso

Segundo a investigação, Josinaldo Barbosa era líder de uma organização que desviou recursos da Câmara de Vereadores de Timbaúba entre 2019 e 2022. De acordo com o inquérito elaborado pela Polícia Civil e duas auditorias elaboradas pelo Tribunal de Contas do Estado, o valor total desviado foi de R$ 2.899.767,38.

A ação diz que Josinaldo, então presidente da Câmara, nomeava servidores comissionados fantasmas, que sacavam e repassavam os valores. O salário desses funcionários era acrescido de horas extras e diárias sem comprovação da realização de serviços extraordinários.

Pesa também o fato de que os valores não foram pagos de forma esporádica, mas com caráter remuneratório em todos os dias, para aumentar o salário dos servidores até o máximo permitido.

O Ministério Público aponta que “há fortes indícios de que houve desvio de valores da Câmara Municipal de Timbaúba, por meio do pagamento de verba indenizatória sem comprovação da realização de serviços extraordinários, e que há a possibilidade destes valores terem sido repassados, em sua integralidade, para o Presidente da Câmara Municipal de Timbaúba, o vereador Josinaldo Barbosa de Araújo”.

Josinaldo está afastado da presidência da Câmara dos Vereadores de Timbaúba e da União dos Vereadores de Pernambuco (UVP) — entidade da qual ele foi presidente e também é alvo de investigação da Polícia Civil em outro processo.