Vacinação: farinha pouca, meu pirão primeiro

Por: Sandro Prado

Que a vacinação da população brasileira contra a Covid-19 anda a passos de tartaruga, já sabemos. Apenas 5,3% da população brasileira está imunizada, ou próxima da imunização, após receber a segunda dose da CoronaVac ou AstraZeneca.

O Brasil detém o segundo lugar entre as nações onde mais morreram pessoas em decorrência da Covid-19. Os Estados Unidos da América do Norte lideram com cerca de 570.000 mil mortos para uma população de 330 milhões de habitantes e o Brasil com mais de 385.000 vidas perdidas possui, aproximadamente, 211 milhões de habitantes.

Também já está escancarada, com a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI da Covid), as suspeitas inequívocas que o Governo Federal cometeu muitos erros e foi exacerbadamente omisso na gestão da maior crise sanitária da história do Brasil. Toda esta nítida incompetência culminou com: falta de vacina, de oxigênio, de Unidades de Tratamento Intensivo e de medicamentos para intubação de pacientes.

Em Minas gerais, tivemos o patético caso dos empresários (fura-filas) que compraram gato por lebre e que, além de praticarem um grave delito ético e moral, viraram chacota nacional ao tomarem soro fisiológico imaginando ser vacina contrabandeada. Este fato e a constatação do furto de vacinas por profissionais que foram flagrados, por câmeras de celulares, supostamente aplicando em idosos o imunizante contra a Covid-19, acendeu o “pisca alerta”. Há muita demanda por um produto altamente escasso no Brasil: a vacina.

Enquanto a vacinação estava direcionada para os profissionais da saúde e idosos acima dos 60 anos, os grupos de interesse estavam minimamente calmos. Agora que estamos prestes a iniciar a vacinação das pessoas com comorbidades que, de acordo com o Programa Nacional de Imunizações, somam cerca de 17 milhões de pessoas, a venda de “falsos atestados” periga começar.
E depois? professores? garis? caminhoneiros? aeroportuários? garçons? empresários? comerciários? advogados? feirantes? contadores? Os grupos de interesse que façam seu lobby!

Parece que os empresários já saíram na frente com a apresentação do Projeto de Lei 948/21 que autoriza a compra de vacinas pelas empresas afinal, FARINHA POUCA, MEU PIRÃO PRIMEIRO e o velho jeitinho brasileiro de querer levar vantagem em tudo (Lei de Gerson) talvez seja bem mais conhecido e utilizado pela população do que a Lei econômica da Oferta e Demanda. Este é o nosso Brasil!

Sandro Prado é economista