Tecnologia e união para enfrentamento da crise

Por Nely Brandão


Não é de hoje que falamos quanto à necessidade de inovação no setor público, tanto quanto à desburocratização, quanto à aplicação de soluções para desenvolvimento dos serviços públicos, e afirmamos: é primordial o rompimento com o atual modelo patrimonialista dos estados e municípios.


Sentimos falta de investimento público e planejamento de longo prazo nas áreas de saúde, educação, assistência social, entre outras, e precisamos despertar quanto à TECNOLOGIA que pode auxiliar no enfrentando da maior crise sanitária do século. Temos uma gama enorme de informação na palma da mão e o que presenciamos são familiares que não tem notícia de seus parentes, quando internados por COVID-19, falta de informações interligadas entre o sistema de saúde estadual e municipal, burocracia que obriga o preenchimento de três sistemas diversos para registar um exame, ou até mesmo nenhuma informação!


Não há espaço para dizer que todos estão no mesmo barco, porque isso não é verdade! Como destacam Luiz Paulo e Antônia Gonçalves: “A pandemia no Brasil tem classe social, raça, cor e região; e, nesse mar agitado por ela, algumas pessoas estão em navios com serviços all inclusive, outras em lanchas, uma parte em barcos a remo, e outros tantos atravessando a nado.”
E qual seria uma solução para enfrentar essa crise generalizada?


Os municípios além de priorizar investimentos na área de saúde e logística, devem buscar soluções tecnológicas, criando pontos de interação entre as gestões municipais e estaduais que podem atuar de forma conjunta em diversas áreas, principalmente nessa sinergia de informações de saúde pública, aumentar a interação com a população, buscar o equilíbrio financeiro e controle de gastos públicos. Alguns municípios, a grande maioria de menor porte, não despertaram para desenvolver um planejamento estratégico de inovação, que pode ser acelerado com a união de esforços dos entes públicos, até mesmo através de consórcios para facilitar o acesso às plataformas e reduzir os custos.

Está mais do que na hora de correr com este processo, chegou o tempo da gestão pública flexível e aberta, com novas perspectivas, modernizando a formulação e execução das políticas públicas municipais. Não é mais uma questão só de eficiência no desenvolvimento de políticas públicas, a crise descortinou que esta evolução é uma questão de sobrevivência.

Nely Brandão é advogada e escreve sobre gestão pública toda quarta-feira