O Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu, por 45 dias, sem remuneração, o auditor responsável por elaborar um relatório com dados não comprovados sobre as mortes por covid, usado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para defender a tese de supernotificação de óbitos pela doença no Brasil. O documento foi feito em caráter pessoal e não foi chancelado pelo TCU, que negou conclusões no mesmo sentido.
A suspensão de Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques foi publicada em Boletim do TCU na última sexta-feira (10). Não há possibilidade de conversão em multa e foi estabelecido o pleno afastamento das atribuições.
O auditor havia sido afastado preventivamente do cargo em junho, impedido de acessar o sistema do TCU e de entrar na sede do tribunal, além de ter um processo administrativo aberto contra ele.
“Se, por um lado, divulgar informações oficiais do tribunal de maneira não autorizada já representaria infração disciplinar, ainda mais grave – e isso precisará ser melhor apurado – é a manipulação da atividade fiscalizatória do TCU em razão de sentimento pessoal ou orientação política ou ideológica”, disse o tribunal quando afastou o auditor.
À Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, Alexandre Figueiredo afirmou que seu relatório havia sido modificado e que seu pai foi quem encaminhou o documento ao presidente Jair Bolsonaro. O pai de Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, o coronel reformado Ricardo Silva Marques, foi colega de Bolsonaro na AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras). Os dois se formaram na mesma turma, em 1977.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o TCU havia produzido um relatório que mostrava que aproximadamente 50% das mortes cujas causas foram registradas como covid-19 não tiveram o vírus como motivo principal.
“O relatório final não é conclusivo, mas em torno de 50% dos óbitos de 2020 por covid não foram por covid, segundo o Tribunal de Contas da União”, disse o presidente.
No mesmo dia, o tribunal emitiu uma nota afirmando que “não há informações em relatórios do tribunal que apontem” para a informação divulgada pelo presidente Bolsonaro, que chegou a admitir que “errou” e que cometeu um “equívoco” ao atribuir a autoria do relatório ao TCU.
Com informações do Poder 360.