Por Priscila Lapa
Vivemos tempos difíceis no Brasil, como consequência da pandemia do novo coronavírus, mas principalmente pela falta de entendimento sobre o que fazer, como fazer e quem deve fazer. São muitas frentes de batalha. No início da pandemia, tínhamos o dilema saúde versus economia: o que priorizar? O tempo passou e essa dicotomia se tornou praticamente infame. O desafio da humanidade é salvar todas essas coisas, ao mesmo tempo. Temos um cansaço generalizado, mas, ao mesmo tempo, temos um caminho para o enfrentamento. Problemas complexos se resolvem com soluções complexas, combinando medidas, atuando na prevenção e na intervenção. Ninguém disse que seria fácil e que não exigiria sacrifícios.
Transcorrido um ano, temos a combinação de incompetência, visão de mundo estreita com falta de honestidade intelectual. Isso tem nos levado para o pior, para o “salve-se quem puder”. Há vacinas no mercado sim, senhor presidente. A União não foi “premiada” com a grande fatia do bolo de recursos públicos apenas para atuar com medidas que geram popularidade e rendem votos. A União deve atuar na alta complexidade, na liderança das políticas nacionais de saúde pública. Difícil de entender? Governadores não são santos, prefeitos não são santos, mas são eles que estão com a corda no pescoço, ali pertinho da população, tendo que mandar abrir novos leitos e covas ao mesmo tempo.
Em uma estratégia racional, que governador quer “fechar” sua economia? Quem quer reduzir arrecadação? Quem quer provocar desemprego? Mas qual a solução para evitar o colapso absoluto do sistema de saúde? Bravatas não resolvem absolutamente nada. A dor de um país não é “mimimi”. É indigno tratar a vida humana assim. Se nem isso nos move para o nosso local de cobrança acerca da proteção do Estado, nada mais nos moverá.
Priscila Lapa é Cientista Política e escreve no blog toda sexta-feira