Por Sandro Prado
Os brasileiros ficaram perplexos e atônitos com a forma desengonçada como foi realizada a reforma ministerial do Governo Bolsonaro na semana passada. Mais assustados ainda quando pela primeira vez na história do Brasil República, os comandantes das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) renunciaram e colocaram seus cargos a disposição do novo Ministro da Defesa, por discordarem da nítida intenção de Bolsonaro em atrelar as forças armadas a seus interesses políticos mais radicais.
A sociedade se mostrou preocupada com os acontecimentos e tanto a Câmara dos Deputados como o Senado Federal se movimentaram no sentido de pedir explicações ao novo Ministro da Defesa.
Cabe salientar que Fernando Azevedo e Silva reiterou em seu discurso de despedida a preocupação em relação a “Preservação das Forças Armadas como Instituições de Estado”.
E os Mercados? Na terça-feira (30), dia que os comandantes das três Forças Armadas renunciaram aos seus cargos, a Brasil, Bolsa, Balcão (B3) apresentou alta em seu principal Índice, o Ibovespa (IBOV), de 1,24% e o Real valorizou em 0,10% frente ao Dólar americano. Na quarta-feira (31) o Real voltou a se valorizar, desta vez em 2,32% perante a moeda norte americana.
Estes Índices positivos foram alcançados mesmo com a divulgação oficial da taxa de desemprego de 14,2% (maior taxa referente ao período de novembro a janeiro desde o início da sua medição) e o anúncio de que o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) fechara o mês de março com alta de 2,94%. Pasmem! A “Inflação do aluguel” acumula alta de 31,10% nos últimos 12 meses.
Porque o Mercado reagiu bem a esta balbúrdia? Mesmo sem experiência, a posse do ex Chefe de Cerimonial, Carlos Alberto França no Ministério das Relações Exteriores em substituição ao Chanceler Ernesto Araújo, sinaliza uma melhora nas Relações Internacionais, afinal, será extremamente difícil ter uma atuação tão medíocre como a do seu antecessor. A estreante na Câmara dos Deputados, Flávia Arruda (PL-DF), assumindo o cargo de Ministra de Governo da Presidência da República, deve reduzir a tensão entre a Câmara e o Executivo e destravar as votações de interesse do Governo no Congresso.
O Mercado está feliz com as mudanças! As quase 340.000 mortes, quase a totalidade da população do município de Petrolina, localizado na Região do Semi Árido e quinto município mais populoso de Pernambuco, decorrentes da péssima gestão da Pandemia de Covid-19 pelo Governo Federal. A ineficiente e demorada imunização da população brasileira, menos de 10% tomaram a primeira dose de alguma vacina. A tentativa de interferência de Bolsonaro nas Forças Armadas e seus estratagemas para aumentar seus poderes. Nada abalou o Mercado! O Mercado sempre esteve mais interessado em questões econômicas do que sociais. O Mercado flerta em muitos momentos até com a tentativa de Golpe de Estado e com Ditaduras desde que seus interesses sejam preservados. O Mercado não vale nada!
Sandro Prado é economista.