Leilão da tecnologia 5G acontece nesta semana

O Brasil dará um importante passo para a implantação da tecnologia 5G. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai realizar, nesta quinta-feira (04), o leilão do 5G, a nova geração de internet móvel.

A tecnologia promete uma revolução na conexão com velocidade ultrarrápida, avanços de tecnologias como carros que dirigem sozinhos e a possibilidade de ligar muitos objetos à internet ao mesmo tempo.

Mas o que é o 5G?

O 5G é a nova geração de internet móvel, uma evolução da conexão 4G atual. Na teoria, ela trará mais velocidade para baixar e enviar arquivos, reduzirá o tempo de resposta entre diferentes dispositivos e tornará as conexões mais estáveis.

Essa evolução da rede vai permitir conectar muitos objetos à internet ao mesmo tempo: celular, carro, semáforo, relógio. Tudo isso já pode ser ligado ao 4G, mas é esperada uma melhoria na conexão.

A média da velocidade 4G no Brasil entre as quatro maiores operadoras é de 17,1 Mbps (megabits por segundo). Esse número é do relatório da consultoria OpenSignal de maio de 2021. O valor pode variar de região para região, da prestadora do serviço e até mesmo do horário em que uma pessoa acessa a rede.

De acordo com Leonardo Capdeville, chefe de inovação tecnológica da TIM, a conexão 4G com uma excelente performance chega próximo a 100 Mbps. O 5G, por sua vez, poderá chegar à velocidade entre 1 e 10 Gbps – uma diferença de 100 vezes ou mais em relação ao 4G.

“Se fizermos uma analogia com o mundo real, 100 vezes mais rápido é a diferença de velocidade entre um ciclista de alta perfomance e um caça de guerra”, disse Capdeville.

Essa diferença diz respeito somente à velocidade, mas o 5G também promete um tempo mínimo de resposta entre um aparelho e os servidores de internet, aquele “delay” que acontece em ligações em vídeo, quando é preciso esperar uns segundos até que a pessoa do outro lado veja e ouça o que falamos.

“No 4G, quando é muito boa a latência, ela é de 50 a 70 milissegundos. No 5G, pode ficar de 1 a 5 milissegundos. Estamos falando em reduzir numa ordem de 10 vezes o tempo que uma informação leva para percorrer a rede”, disse Capdeville.

O 5G também pode revolucionar o próprio smartphone, já que as altas velocidades permitiriam que muito do processamento de tarefas deixe de acontecer no chip do aparelho e passe a ser na nuvem, pegando emprestado a potência dos computadores. O mesmo pode acontecer com acessórios médicos, como pulseiras e relógios conectados.

Na prática, as videochamadas devem se tornar mais claras, a experiência de jogos on-line também deve ser aprimorada, as transmissões de vídeo ao vivo devem travar menos e perder sinal em meio a uma multidão não deve mais acontecer.

No edital do leilão, que foi aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), está previsto que o 5G deve funcionar nas 26 capitais do Brasil e no Distrito Federal em julho de 2022, mas isso também não significa que essas cidades oferecerão a frequência em todos os lugares.

Em audiência na Câmara dos Deputados em setembro, um dos ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, afirmou que a promessa de o 5G a todas as capitais do país até julho de 2022 é para “inglês ver”. Isso porque a proposta de edital do 5G prevê a instalação de poucas estações rádio base, que são as antenas. Desse modo, o sinal da internet móvel de quinta geração ficaria restrito a uma pequena área das capitais, não cobrindo toda a área das cidades.

Ainda segundo a Anatel, para todas ascidades do Brasil com mais de 30 mil habitantes, o prazo de implantação é julho de 2029. Essas datas foram aprovadas pelo TCU.

O primeiro passo para a exploração da tecnologia é definir quais empresas poderão operar nas faixas de frequência do 5G. Isso acontece em forma de leilão, que está marcado pela Anatel para 4 de novembro. Após o leilão, as operadoras vencedoras precisarão investir em infraestrutura para oferecer a conexão, como instalação de fibras ópticas.

A previsão é que o 5G comece a ser ofertado até julho de 2022, inicialmente nas capitais dos estados. Ainda não foi definido se haverá reajustes nos preços de pacotes de dados, pois ainda vão levar meses até que a tecnologia esteja disponível.

O acesso ao 5G deve ser mais restrito no início por dois motivos: uma cobertura menor, primeiramente centrada nas capitais, e a compatibilidade de poucos celulares – que atualmente são os mais caros do mercado.

Com a implantação do 5G, o 4G não vai acabar. Os celulares atuais continuarão funcionando nas redes 4G, 3G e 2G – essas conexões não deixarão de funcionar.