Inteligência emocional é a chave para o entendimento, respeito e a cidadania

Por Lincoln Morais


O conceito Inteligência Emocional teve sua primeira manifestação por dois teóricos em um artigo científico, Salovey & Mayer, em que ficou definido que as relações de competências estariam concernentes com o “monitoramento dos sentimentos e emoções em si mesmo e nos outros, na discriminação entre ambos e na utilização desta informação para guiar o pensamento e as ações.”

A Inteligência Emocional, segundo Goleman, abraça a predisposição de captar de forma rigorosa e caprichada a percepção dos sentimentos para com o outro e a gestão dos mesmos.

Quando este aspecto se torna um facilitador do pensamento, o indivíduo constitui uma eficiência para o engrandecimento pessoal, emocional e intelectual. Essa capacidade de crescimento e aptidão é encontrada muito em políticos, presidentes de grandes empresas, líderes religiosos e professores.

O tema Inteligência Emocional tornou-se de grande relevância para a ciência nos últimos anos e isso vem contornando o seu espaço nos ambientes acadêmicos, com debates e pesquisas científicas.  Goleman sugere que a Inteligência Emocional seja trabalhada nos primeiros anos da vida da criança.

Ele também apresenta uma análise com dados na qual a cultura de programar a inteligência emocional nas disciplinas curriculares aperfeiçoou e elevou os índices de aproveitamento do aprendizado em 11% e, o comportamento positivo social em 10%, diante disso, compreende-se que vale o mérito de trabalhar a IE na Educação Infantil.

É bem mais comum vermos alunos serem submetidos a testes de QI (Quociente de Inteligência), pois eles existem há mais de 100 anos e a cada dia o aluno se depara com novos testes de medição cada vez mais sofisticados e precisos. Também é possível fazermos a medição da IE (Inteligência Emocional) com bastante integridade. Goleman (2012) classifica a Inteligência Emocional em quatro domínios que são: Autoconsciência; Autogestão; Empatia e Habilidades Sociais.

Dessa forma, acredito que a educação é mais que aprender as disciplinas como Português, Matemática e Ciências, ela abraça uma responsabilidade bem maior.

Desse modo, a educação tem um compromisso com a formação e o desenvolvimento humano global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica. Nessa perspectiva, a interação social torna-se o espaço de constituição e desenvolvimento da consciência do ser humano desde que nasce.

Podemos considerar a ideia de que não adianta apenas desenvolver o cognitivo e deixar excluso o fator emocional da criança. Atentamos a importância de se trabalhar a Inteligência Emocional traz à consciência do aluno um sentido para atentar-se aos conteúdos, que gera motivação, que gera entusiasmo e consequentemente a aproximação do sucesso escolar e distanciamento do mau comportamento e da evasão escolar.

Dessa maneira, pressupomos a significância da criança começar desde cedo a praticar e desenvolver atividades socioemocionais, tendo em vista que essa vivência desempenha, não só um melhor aproveitamento acadêmico do aluno, mas o prepara para vida, como lidar com suas emoções e não deixar que elas atrapalhem o seu desempenho cognitivo, mas que o torne bem mais eficiente e ponderado.

A falta de ensino sobre isso está correlacionada ao descontrole emocional, aumento de ódio de grupos ideologicamente divergentes, abuso familiar, entre outros. Diante disso, podemos considerar que isso se dá pela falta de estímulos e baixa Inteligência Emocional, em outras palavras, há indicativos que existe muita emoção descontrolada, que se não começarmos a trabalhar isso na Educação Infantil e fizermos disto um processo contínuo e sistemático, poderemos ter graves problemas, formando indivíduos adultos que se envolvem em brigas e conflitos facilmente sem nenhuma resistência ou controle de suas emoções. Basta ver o mercado de trabalho, que “tem disso comum a constatação que os profissionais de hoje são contratados pelo cognitivo, mas demitidos pelo socioemocional.”

Na última década, tivemos problemas como: gravidez na adolescência, evasão escolar, as drogas e a violência. Campanhas são feitas, mas chegam atrasadas, depois que o problema já atingiu proporções epidêmicas e firmou raízes na vida dos jovens. “O que precisamos é seguir a lógica da prevenção, oferecendo a nossas crianças aptidões para enfrentar a vida” (GOLEMAN)

Acreditamos que Inteligência Emocional é algo consideravelmente pertinente na formação dos indivíduos e podemos imaginar que a ausência dela no âmbito escolar provoca “analfabetismo emocional”. Ter uma sociedade “emocionalmente analfabeta” nos remete a um nível muito primitivo de relações sociais, o que provocaria uma série de inversões aos padrões comportamentais éticos.  Será que já não estamos vivenciando, vendo os sintomas, e pagando o preço de um país que de uma forma generalizada não tem dado importância à IE na educação infantil?

LINCOLN MORAIS É PEDAGOGO E ESPECIALISTA EM NEUROPSICOPEDAGOGIA.