“Eu entendo que faço parte do governo. Precisamos separar o que é gestão do que é eleição”, afirma Arimateia, vice- prefeito do Cabo

Iniciando a série de entrevistas de balanços com prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, secretários e lideranças políticas, o vice-prefeito do Cabo de Santo Agostinho, professor Arimateia (PT). Ele concedeu entrevista exclusiva ao Blog do Jorge Lemos, na qual fala da sua entrada no PT, a candidatura do ex-presidente Lula, a relação entre PT e PL no Cabo, avaliação do governo Keko e da Câmara Municipal. O petista também falou da sua pré candidatura a deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores. Confira.

Jorge Lemos – Arimateia, sua pré candidatura a deputado estadual pelo PT está confirmada?

Arimateia- A ideia é que a gente discuta minha candidatura em duas instâncias, tanto do ponto de vista dos interesses partidários, como também da conjuntura local. É importante ver que fazemos parte de uma gestão e é preciso ser um candidato do coletivo, passando pelo partido e também pela nossa relação com a gestão. Não temos uma relação fechada, mas meu nome está colocado. Uma história, uma vida, a ação política, de forma mais orgânica dentro do partido (PT). Não apenas pela minha vontade, não é uma coisa que tem que ser de qualquer jeito, estou aqui para contribuir e tudo vai depender desse debate. Eu entendo que faço parte do governo, precisamos separar o que é gestão do que é eleição. Não faremos campanha antes do tempo. Hoje estamos focados no mandato, pois além de vice-prefeito também sou secretário de governo. Esse ano, se as condições sanitárias permitirem, será um ano de mais planejamento e entrega.

Jorge Lemos- Para o partido será importante sua candidatura porque reforça o palanque em uma área que o presidente Lula tem uma boa aprovação?

Arimateia– Lula tem mais de 70% das intenções de votos aqui no Cabo. O PT é um partido que tem organicidade e nós iremos trabalhar para fazê-lo mais orgânico. Teremos um seminário no início do ano aqui no Cabo, e também a nível regional. Estamos marcando uma conversa com o deputado Carlos Veras, com João Paulo, que também está voltando para o PT, com Humberto, e com o presidente Doriel Barros para trabalharmos no ângulo metropolitano. É uma estratégia do partido para reunir forças na Região Metropolitana, coisa que não temos depois das eleições de Recife e Paulista. O partido hoje tem, na RMR, apenas eu como Executivo, e é uma área com intensidade eleitoral muito grande, com uma importância política decisiva no Estado. O partido pensa na estratégia de crescimento da estrutura partidária como um todo.

Jorge Lemos- Como o PT tem visto essa questão da entrada de Bolsonaro no PL e essa aliança local com o partido do presidente? Como fica a partir de agora?

Arimateia – Eu não estou entrando no PT apenas por uma questão de Lula, mas com o objetivo de que o Brasil volte a ter um governo democrático, sintonizado com a massa, com a justiça social, e com a necessidade dos mais pobres. Agora tenho a oportunidade de fazer aquilo que está dentro da minha identidade e das minhas raízes, fui trabalhador da zona rural, presidente do sindicato e sou professor. Antes não tinha tido a oportunidade de escolha, pois como vereador, muitas vezes, eu tinha que estar em algum partido para ter segurança de me eleger, mas agora como vice-prefeito pude trocar de partido e entrar em uma sigla que me representa do ponto de vista identitário. Tenho certeza que teremos um espaço amplo, nossa convivência com o prefeito é extremamente aberta e franca, ele esteve presente no ato de homologação, tivemos toda liberdade para fazer essa movimentação. Tenho certeza que isso não será um empecilho. É importante estar sintonizado com o que vem para o futuro. O Governo Municipal sozinho tem muita dificuldade de fazer entrega, precisamos do aporte de outras esferas do poder.

Jorge Lemos – Na sua opinião, qual a marca que o prefeito Keko deixou no seu primeiro ano de gestão?

Arimateia – Na verdade eu não diria que ainda não deixamos marcas, até porque tivemos muitas dificuldades, mas iniciamos uma conduta da busca pelo humanismo, e isso foi uma coisa que trabalhamos muito na campanha. Keko tem esse lado de ser uma pessoa simples, as entregas que viemos consolidando são exatamente essas, do atendimento integral à pessoa, ao cidadão e ao ser humano. Vamos buscar essa questão de segurança para juventude, iremos fazer uma pesquisa censitária de 15 a 29 anos para identificar o problema de cada jovem, e buscar políticas públicas integradas para a diminuição da violência com esse público. Eu estou muito otimista que possamos, a partir desse ano, começar a fazer essas entregas para que no final da gestão consigamos consolidar a marca do atendimento às pessoas.

Jorge Lemos – Você já atuou como oposição na Câmara dos vereadores. Antes cobrando e agora executando. O que mudou nesta relação de enfrentamento aos problemas da cidade?

Arimateia – Eu passei 9 anos na Câmara na oposição, não porque eu queria alguma vantagem por isso, e sim por convicção. É diferente, mas acredito que se tivesse alguma coisa no governo que fosse passível de erros como vimos no passado, algum vereador já teria tomado o destino que eu tomei. Pra mim fica confortável pois não existe uma relação de coação, e sim de desprendimento. Eu nem esperava isso quando fomos discutir e conversar com vereadores, no dia todos votaram na mesma chapa. A relação tem sido tranquila e espero que possamos respeitar a liberdade do poder de todos.

Jorge Lemos – Você e Keko foram eleitos pregando um governo de mudança. Como é fazer uma gestão com pessoas do governo anterior que vocês chamavam de quadrilha ?

Arimateia – A condução do governo do prefeito Keko do Armazém estabelece um governo de mudança e apesar de ter pessoas que vieram da gestão anterior, a maioria das forças que tivemos lá são formadas por pessoas do nosso grupo, do meu, do de Elias, de Eduardo Cajueiro, e de Vado que, apesar de ter sido eleito por Lula, também está com a gente. Temos um núcleo preponderante do governo de mudança, uma gestão que tem outro caminho. Continuamos com membros do governo anterior, mas em posições que não afetam o governo. Keko tem relações com algumas pessoas da gestão anterior, ele era vice-prefeito. Ele escolheu pessoas com critérios técnicos, e que não se opuseram a esse caminho e na linha de mudança que o nosso governo foi construído e eleito.