CPI da Covid retoma as atividades nesta semana com agenda intensa

Depois de 15 dias de recesso parlamentar, as sessões da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid serão retomadas na próxima terça-feira (03), no Senado, com a necessidade de fechar apurações sobre possíveis esquemas de corrupção envolvendo o governo federal. Além dos casos de vacinas da Covaxin e das negociações do Ministério da Saúde com a Davati Medical Supply, contratos com a empresa de logística VTCLOG também devem entrar na pauta do colegiado.

Em relação às suspeitas envolvendo as negociações de vacinas, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirma que a CPI deve focar, nas próximas duas semanas, “para tentar unir todas as pontas e fechar algumas questões em termos do relatório”. Um dos principais casos é o da empresa americana Davati Medical Supply, no qual o vendedor autônomo de vacinas Luiz Paulo Dominghetti relatou ter recebido um pedido de propina, da parte do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, de US$ 1 por dose, ao tentar vender 400 milhões de injeções do imunizante da AstraZeneca.

Outro caso relevante é o da Precisa Medicamentos, que fechou um contrato de R$ 1,6 bilhão com o ministério para venda de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech. As suspeitas nesse caso chegam ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Em relação ao envolvimento do presidente Jair Bolsonaro no caso, os senadores avaliam que a questão está bem embasada.

Sobre os contratos com a empresa de logística VTCLOG, empresa que recebe e organiza medicamentos para o ministério, há suspeitas do então diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, ter  aprovado pagamentos num valor 1.800% mais caro que o recomendado num parecer técnico à empresa. O contrato com a operadora logística previa, inicialmente, pagamentos de R$ 485 milhões até 2023. No entanto, em fevereiro, o valor subiu quase 20%, para R$ 573 milhões, e está sendo pago até hoje.

Outra investigação que pode render fatos novos à CPI é o grupo de trabalho encabeçado pelo senador Humberto Costa (PT-PE) sobre supostos esquemas de corrupção em hospitais federais do Rio de Janeiro. O caso foi citado pelo ex-governador do Estado Wilson Witzel. A CPI deve pedir a convocação de nomes envolvidos com a administração das instituições.

“Há um claro espelhamento do modelo de corrupção que tomou conta da estrutura estadual do Rio de Janeiro sobre os hospitais federais. As suspeitas são muitas e fortes, e já as compartilhamos com o TCU, a Polícia Federal e a Receita Federal. Há indícios mesmo de que milícias estão entranhadas nesse sistema, tomando conta até de estacionamentos de unidades hospitalares. Há muitas informações estratégicas que estamos rastreando. A CPI vai ter muita coisa a aprofundar.”, disse Witzel em depoimento que durou cerca de 3 horas e 40 minutos.

O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse em entrevista à GloboNews neste domingo (1º) que estão previstos para essa semana os depoimentos do reverendo Amilton na próxima terça-feira (03), do coronel Marcelo Blanco na próxima quarta-feira (04) e do empresário Airton Cascavel na próxima quinta-feira (05).

O depoimento de Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, que estava previsto para a próxima quarta-feira, precisou ser adiado. Ele viajou para a Índia em 25 de julho, tendo sido notificado pela secretaria da CPI somente no dia seguinte. Segundo Aziz, a previsão é que ele seja ouvido na próxima semana.

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