A experiência de lecionar no curso de formação de lideranças, ofertado à sociedade pela Escola do Legislativo, da Assembleia Legislativa do Estado, tem sido de grande valia para a minha atuação como cientista política e como professora. Conduzimos a disciplina com rigor acadêmico, mas ao mesmo tempo com disposição ao diálogo, buscando que, ao final, as pessoas consigam ter seu olhar analítico ampliado, seu senso crítico aguçado e muita disposição para conhecer as “verdades” de forma mais ampla.
Debatemos como a Internet tem alterado a relação entre representantes e representados, levando a chamada mídia tradicional a exercer um novo papel no contexto democrático. A rica discussão sobre como os media moldam a agenda pública suscita diferentes percepções e um só anseio: de que a imprensa cumpra seu papel com imparcialidade. Mas o que seria essa imparcialidade? E como seria possível obtê-la?
Sempre lembro aos alunos a pertinência deste debate que, ao mesmo tempo, é tão antigo. Quando estudei Jornalismo, no início dos anos 2000, esse tema já moldava grande parte das discussões sobre o papel dos meios de comunicação. Passados todos esses anos, com tantas mudanças nas relações sociais, ainda é incômodo pensar que algumas notícias não são veiculadas da forma como gostaríamos.
Para alguns, o debate assume logo tons do patrulhamento que toma conta de tudo que se faz no Brasil de hoje, quando se tangencia a política. Para esses, quanto mais você tenta ampliar o debate, amplificar as percepções, mais acusações recaem sobre você de estar querendo enquadrar, proteger determinados políticos, e que você, nas entrelinhas, estaria revelando sua verdadeira afiliação ideológica.
E aí começam as generalizações, os enquadramentos, as acusações, os julgamentos. Tudo e todos equivocados e esses grandes iluminados enxergando a gigantesca conspiração contra determinados governos. E aí nem precisa dizer que o diálogo já se foi há muito tempo.
A disposição de debater, seja por que meio for, exige sabedoria.
