Não que o Carnaval do Recife precise provar que é a maior e mais democrática festa de rua do Brasil. Mas os números da folia de 2025 foram os mais robustos da história, mostrando que ninguém brinca como os 3,5 milhões de foliões que passaram pelos 50 polos espalhados pela capital pernambucana. Nos seis dias oficiais de festa, foram mais de três mil apresentações culturais, sendo 98% compostas por atrações da cultura popular. Para além da diversão que caracteriza o Carnaval, a folia do Recife também foi um poderoso motor da economia: foram R$ 2,7 bilhões circulando no município, com ocupação hoteleira de 97% e 58 mil empregos temporários gerados no período. Garantindo a folia do público, mais de 8 mil servidores municipais atuaram durante todo o período.
O prefeito do Recife, João Campos, fez uma avaliação do balanço apresentado nesta manhã, ressaltando a potência cultural e econômica desta grande festa. “Este sempre é um momento muito especial para a nossa cidade e mais uma vez fizemos um grande Carnaval. Atingimos todas as expectativas e até superamos, atingindo a movimentação econômica prevista, passando de mais de 58 mil postos de trabalho formal e informal e o mais importante: temos a satisfação das pessoas que aqui vieram. Mais de 96% dos foliões apontam o Carnaval do Recife como ‘ótimo’ e ‘bom’ e 98% desejam voltar. Então, se temos o público achando tudo muito bom, sabemos que o trabalho foi bem feito”, afirmou. “Tenho certeza de que o Recife se consagra, ano após ano, como realizador de Carnaval de rua justo, democrático, misturado, com muita cultura, várias linguagens diferentes e apresentando a força cultural do Recife e de Pernambuco. Isso tudo é o que torna o nosso Carnaval tão grande e recomendado e vamos seguir esse caminho para fazer uma festa ainda maior no ano que vem”, acrescentou.
Um banho de organização, planejamento, entrega de serviços públicos e uma variedade – sem paralelo no País – de atrações culturais. Só no Carnaval do Recife convivem, em perfeita harmonia, a tradição de maracatus, bois, caboclinhos, a magia da celebração à ancestralidade africana na Noite dos Tambores Silenciosos, samba, blocos líricos e agremiações e artistas locais e nacionais que vão do frevo à MPB, passando pelo novo pop nacional. E é por tudo isso que 96% dos foliões que participaram do Carnaval do Recife 2025 ficaram satisfeitos com a festa.
A secretária de Cultura, Milu Megale, ressaltou o sucesso que foi a realização da festa. “Podemos dizer que o Carnaval do Recife foi uma celebração da nossa cultura popular. Nosso diferencial é ser um carnaval de rua e foi isso que celebramos nestes seis dias de festa. Batemos todos os recordes esse ano, desde a quantidade de apresentações até a de foliões e retorno econômico para a cidade”, explicou ela.
Um Carnaval que se destacou, também, pelo clima paz e tranquilidade nos principais focos, onde houve um baixo registro de ocorrências. E muito se deveu à atuação, pelo segundo ano consecutivo, do Centro de Operações do Recife (COP), que funcionou presencialmente numa sala no Marco Zero, onde 20 órgãos e secretarias da gestão municipal estiveram, todos os dias, coordenando e atuando na resolução de ocorrências e demais serviços oferecidos à população. “Todas as informações são coletadas em tempo real, pela equipe que fica reunida na sala do COP, utilizando ferramentas como drones, painel online de acompanhamento das ocorrências e central de videomonitoramento – o que, além de fornecer dados com rapidez e precisão, também facilita eventuais ajustes durante a folia. Foram 498 câmeras de monitoramento acompanhando toda a festividade de forma ininterrupta, acompanhando todas as ocorrências. Trabalhamos com o cuidado para com a cidade e com os foliões e o COP consegue garantir soluções efetivas e coordenadas”, explicou Anderson Soares, chefe do COP.
O Carnaval do Recife 2025 também foi marcado pela atenção do poder público para quem mais precisa de cuidado. Na Casa do Pequeno Folião, 300 crianças e adolescentes filhos de trabalhadores informais da folia tiveram acolhimento, alimentação e recreação para que seus pais, mães e responsáveis pudessem ir atrás do sustento. O combate ao trabalho infantil também foi ampliado com os espaços de proteção, tanto com equipes itinerantes como em espaços físicos como a Casa do PETI, em Santo Amaro. E 554 crianças foram atendidas no espaço Primeira Infância, que teve sua estreia neste ano.
A festa, entretanto, começou ainda no início de fevereiro, com um extenso calendário de mais de 40 prévias gratuitas em que as agremiações populares foram as estrelas do maior espetáculo em linha reta da América Latina e adjacências. Durante o período, foram entronados os reis e rainhas do Carnaval, da pessoa idosa e da pessoa com deficiência. Teve também concurso de passistas, de porta-estandarte e de flabelista, além de mestre sala e porta-bandeira, acertos de marcha, Terças Negras especiais, ensaios de maracatus e afoxés, cortejos de agremiações desfilando nas ruas do Bairro do Recife e a culminância com a subida do Galo Cidadão Ecológico na Ponte Duarte Coelho que, pela primeira vez, foi confeccionado de forma totalmente sustentável e emocionou uma multidão aos seus pés na quarta (26 de fevereiro), abrindo alas para a magia da maior festa do Recife.
Nos 50 polos que fizeram a alegria de toda a cidade, a palavra de ordem foi acolhimento e diversidade. Mais de três mil atrações – das quais 1.700 apresentações de orquestras e da cultura popular – se apresentaram ao público durante todo o ciclo momesco, sendo 98% delas filhos e filhas da terra, ratificando o compromisso das políticas culturais da gestão em fomentar e valorizar as tradições, nossos brinquedos populares e seus fazedores de cultura, que estiveram presentes também em toda a identidade visual do Carnaval.
Thiago Angelus, secretário de Turismo, destacou o trabalho realizado pelas diferentes equipes para se alcançar o resultado esperado. “Não apenas confirmamos nossas expectativas, mas como superamos elas. Nossa Rota da Folia, por exemplo, é um projeto que deu muito certo e, com certeza, veio para ficar. Também ficamos muito satisfeitos porque não apenas as pessoas que estavam no Recife vivenciaram a nossa festa: através da nossa transmissão, conseguimos alcançar 82 países. Os números mostram o resultado de um longo trabalho realizado pela Prefeitura do Recife. E agora já estamos organizando o Carnaval do ano que vem para que ele seja ainda maior”, frisou.
MARCO ZERO, O EPICENTRO DA CULTURA – O Marco Zero se tornou o epicentro de grandes encontros. De Blocos Líricos a blocos e escolas de samba e agremiações vencedoras dos concursos carnavalescos, é lá onde a multidão louva uma programação que preza pela diversidade e onde há espaço para todas as sonoridades e ritmos. Elba, Alceu Valença e Geraldo Azevedo embalaram a multidão ao som do show Grande Encontro, Alcione não deixou o samba morrer e BaianaSystem incendiou a multidão em um show apoteótico em que o Marco Zero inteiro saltitou ao comando de Russo Passapusso. Para os bravos, guerreiros e inimigos do fim, Spok comandou o Orquestrão na madrugada de quarta, dando um adeus contrariado ao Carnaval que finda. No ano que vem, tem mais.