A Prefeitura do Recife reabriu, nesta terça-feira (31), a Casa do Carnaval, no Pátio de São Pedro. O espaço de memória, construção e preservação das tradições e manifestações da cultura pernambucana voltou às atividades presenciais no mesmo dia em que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) confirmou a revalidação do frevo e da ciranda como patrimônios culturais imateriais do Brasil. A visitação pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h.
“Hoje a gente faz a reabertura da Casa do Carnaval, o primeiro ato do Move Cultura. Viemos aqui três meses atrás, quando autorizamos fazer toda a recuperação e garantir a reabertura deste patrimônio, localizado no Pátio de São Pedro”, lembrou o prefeito João Campos. “A gente faz essa reabertura hoje com uma exposição que faz referência à Ciranda, a “Ciranda de Todos Nós.” Aqui a gente também celebra no dia de hoje que a ciranda virou patrimônio cultural do nosso País. Então, se você não conhece, vem até o Pátio de São Pedro visitar a Casa do Carnaval e celebrar a nossa cultura”, convidou o prefeito.
A cerimônia de entrega das obras contou com a presença de nomes importantes para a cultura pernambucana e da capital, como a cirandeira Lia de Itamaracá. “Isso é uma maravilha, é a cultura se revivendo. Não se pode deixar a cultura morrer”, defendeu. A rainha da Ciranda está entre as pessoas homenageadas nas paredes da exposição. Ao lado dela está Cristina Andrade, cirandeira do Recife. “É uma maravilha ver este espaço reabrir. Com a pandemia, todo mundo teve que parar as atividades e ficar nas suas casas. Ver essa reabertura no dia que a gente passa a ser patrimônio imaterial é uma alegria para todos nós cirandeiros.”
O Centro de Formação, Pesquisa e Memória Cultural Casa do Carnaval, que soma 31 anos de existência e serviços prestados à cultura e à pesquisa cultural, reabre agora as portas para o atendimento presencial do público, com instalações físicas e acervos recuperados e prontos para contar as histórias que a cultura produz e reproduz sobre uma sociedade e seu tempo.
A Casa do Carnaval recebeu novos projetos expositivos e de climatização, com adequações nas instalações, além de serviços de manutenção e recuperação de acervo, composto por mais de mil volumes impressos, entre livros, periódicos, teses, dissertações, monografias, atas, estatutos, cartas, notas de jornal, fotografias, cartilhas culturais, catálogos e partituras de frevo, para legar eternidade e universalidade à música que nasceu do encontro entre luta e celebração, rua e multidão. Boa parte dessa farta e rica documentação, que serviu, inclusive, de fundamento e lastro para a estruturação de um grande programa integrado de salvaguarda, responsável pela criação do Paço do Frevo e pelo registro do ritmo como patrimônio junto ao Iphan, está digitalizada.
“Com essa reabertura, devolvemos a Casa do Carnaval ao povo do Recife, também o centro de formação, estudo e pesquisa. É um momento de muita emoção, mas também de resgate da nossa história para construir o futuro que queremos para a nossa cidade”, disse Ricardo Mello, secretário de Cultura do Recife.
Para a reabertura, a Casa do Carnaval convida o público a entrar na roda da exposição “Ciranda de todos nós”, em celebração ao ritmo que acaba de ser registrado Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A exposição conta a história da tradição, feita de dança e música, tecida na oralidade e repassada literalmente de mão em mão, nos círculos geracionais que ainda se sucedem na Zona da Mata Norte e no litoral da Região Metropolitana do Recife.
A mostra retrata as origens, a geografia e a indumentária da ciranda, além de exibir instrumentos musicais e celebrar mestres e mestras que já giraram essa roda, com citações impressas nas paredes. No chão, projeções conduzem até os menos habilidosos pés na geometria da cadência cirandeira. Para ouvir as músicas e histórias da ciranda, QR Codes espalhados na exposição convidam à experiência sonora do agora declarado patrimônio cultural.