Brasil pode enfrentar apagão ainda este ano

De acordo  com os cálculos do CBIE Advisory (Centro Brasileiro de Infraestrutura) realizados com  dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o Brasil está próximo de enfrentar um blecaute ainda em 2021. O apagão deve acontecer se a MLT (Média de Longo Termo) de chuva ficar abaixo dos 61,5% no ano. A média do 1º semestre fechou em 66%.

Desde 1931, o Brasil faz o monitoramento do histórico da chuva através do percentual do MLT. Se o mesmo estiver abaixo dos 100%, significa que chove menos do que a média histórica no país. O índice de chuva de 2021 é o menor em 20 anos. Ao mesmo tempo, o consumo de energia até abril alcançou 169 mil GW, o maior desde 2004, segundo o ONS.

O cálculo do CBIE indica um crescimento do PIB de 2,7%, menor do que a projeção do Banco Central que foi de 4,6%. O Ministério de Minas e Energia informou, em nota, que a análise do ONS leva em conta um crescimento de 3% da economia e não indica déficits de energia ou potência.

Bruno Pascon, sócio-fundador e diretor da CBIE Advisory, afirmou que um crescimento maior do PIB significa que a margem para o risco de blecaute é ainda menor, ou seja, precisaria chover ainda mais para evitar o apagão.

“Apagões de potência, que são cortes pontuais de energia nos horários de pico de consumo, podem acontecer já a partir de agosto deste ano. A discussão que existe é se haverá necessidade de medidas de racionamento de consumo mandatórias e em qual magnitude“, disse.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que, apesar do Brasil estar passando pela maior crise hídrica em 91 anos, o país não corre risco de ter racionamento de energia. Para evitar o colapso das hidrelétricas, o governo precisou acionar as termelétricas a diesel, mais poluentes e com um custo maior de produção. Além disso, diminuiu a vazão de parte das hidrelétricas.

Como consequência, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu, no dia 29 de junho, reajustar a bandeira tarifária 2 em 52,1%; Com o aumento, a cada 100 quilowatts-hora consumidos serão pagos R$ 9,49 extras. A alta vale para julho e pode subir novamente em agosto.

A Aneel também anunciou que pretende firmar parceria com o governo federal para deslocar o horário de consumo das indústrias para fora do horário de pico.

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) também adotou uma série de medidas para preservar as principais bacias hidrográficas.

Segundo Alexei Vivan, diretor-presidente da ABCE (Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica), o crescimento do consumo de energia e o baixo nível de chuva formam o “maior perigo de desabastecimento” também para 2022. Para ele, o início do período úmido, no final de 2021, será essencial para retomar os reservatórios. Entretanto, ainda não é possível saber o nível de chuva no país. “A sorte é que estamos com a economia ainda em aquecimento“, afirmou.

De acordo com Paulo Arbex, presidente da Abrapch (Associação brasileira de PCHs e CGHs), a crise energética que o país passa não é exclusivamente causada pela falta de água, mas pela má administração dos reservatórios das hidrelétricas.

“Todo ano as hidrelétricas entregam uma porcentagem dos MW superior às porcentagens que elas têm da capacidade instalada. Ou seja, nós estamos dilapidando os reservatórios das hidrelétricas há 20 anos.”, disse.

Arbex destaca que a principal diferença do momento atual para o apagão que ocorreu no ano de 2001 é que, hoje, o Brasil possui uma capacidade de geração de energia por termelétricas de 37 mil MW, o que não tinha na época.

Com informações do Poder 360