Na tarde desta terça-feira (20), o presidente Jair Bolsonaro decidiu fazer uma reforma ministerial até a próxima semana.
As mudanças envolvem trocas em três pastas: na Casa Civil, deve assumir o senador e líder do Centrão Ciro Nogueira (PP-PI) no lugar do general Luiz Eduardo Ramos, que ocupa a pasta há pouco mais de três meses. Na Secretaria Geral da Presidência, dever entrar o general Ramos, no lugar de Onyx Lorenzoni que deverá deslocado para o Ministério do Emprego e da Previdência Social, pasta que será recriada, com a divisão do Ministério da Economia, de Paulo Guedes.
Considerado um dos mais fiéis senadores do Planalto, o senador Ciro Nogueira é visto, por Bolsonaro, como a pessoa certa para ‘baixar a poeira’ do Congresso, em tempos de CPI da Covid e entre outras crises.
“Estamos trabalhando, inclusive, uma pequena mudança ministerial, que deve ocorrer na segunda-feira, para ser mais preciso, para a gente continuar aqui administrando o Brasil”, afirmou Bolsonaro em entrevista a rádio Jovem Pan Itapetininga, também transmitida por suas redes sociais.
Primeiro, o presidente acertou tudo com Fábio Faria, Onyx, Tarcísio e Ciro Nogueira. Em seguida, comunicou sua decisão a Paulo Guedes, que teve de ceder uma parte de seu ministério e concordou plenamente.
A aliança de Bolsonaro com o centrão enterrou de vez o discurso bolsonarista de que o presidente não se renderia ao que chamava de velha política do “toma lá, dá cá”. Para atendê-los, o governo faz promessas de liberação de bilhões em emendas parlamentares e agora prepara até a recriação de ministérios, contrariando outro discurso da campanha de enxugamento da máquina pública. Atualmente, o governo possui 22 ministérios, 7 a mais do que os 15 prometidos em campanha.
No ministério criado para Onyx Lorenzoni, deputado federal eleito pelo DEM-RS, devem ser abrigados os programas de criação de primeiro emprego com o governo bancando até metade do salário-mínimo para essas vagas. A ideia é tentar dar assistência ao que Paulo Guedes chama de “invisíveis” da economia, um grupo perto de 38 milhões de brasileiros que não trabalham ou atuam em total informalidade. Também deve ser lançado algo que ainda tem o nome provisório de “alistamento civil voluntário”, para criar vagas de trabalho que serão bancadas com dinheiro do governo e incluir pessoas no mercado, dando qualificação profissional.
A possível troca na Casa Civil também contempla a insatisfação do Congresso com o atual ministro, o general Ramos, que vinha sendo alvo de queixas de parlamentares, inclusive do Presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Apesar disso, Ramos não escondeu a sua insatisfação quando foi chamado ao gabinete de Bolsonaro e comunicado da decisão, pois afirmou que estava feliz com sua atuação na Casa Civil. O presidente disse que ele seguiria no Planalto participando de todas as decisões relevantes. “Tu vai ficar comigo. Tu vai para o céu, vai ter tempo para pensar na Secretaria Geral”, disse.
Onyx Lorenzoni e Ciro Nogueira devem ficar em seus cargos apenas até março do ano que vem, pois devem disputar cargos na eleição de 2022. Onyx deseja ser candidato ao governo do Rio Grande do Sul. Ciro Nogueira pretende concorrer ao governo do Piauí.