Após ser escolhido pelo PSDB como pré-candidato à Presidência, o governador de São Paulo, João Doria, vai intensificar nas próximas semanas as negociações em torno de apoios e alianças para as eleições de 2022.
A primeira dor de cabeça para a campanha de Doria será montar palanques competitivos nos três principais estados da região em número de eleitores: Bahia, Ceará e Pernambuco.
Na Bahia, o PSDB deverá apoiar a candidatura a governador de ACM Neto, ex-prefeito de Salvador, que quer derrubar 16 anos de hegemonia do PT no estado. No entanto, apesar de receber afagos dos tucanos em âmbito local, ACM tem arestas com João Doria.
Em maio, o ex-prefeito disse que Doria é “despreparado” para conduzir um projeto nacional de governo. A fala de ACM se deu em meio à insatisfação do DEM, partido do qual é presidente, com a articulação de Doria para filiar o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, ao PSDB.
Em outubro, ainda antes das prévias tucanas, ACM Neto disse que Doria quer ser candidato a presidente “a qualquer custo”.
Interlocutores de ACM Neto, no entanto, afirmaram à reportagem reservadamente que o ex-prefeito soteropolitano poderá reatar pontes com Doria caso ele se viabilize como alternativa à polarização entre Lula e Bolsonaro no plano nacional.
O entorno de ACM Neto, porém, frisa que o gesto em prol do diálogo deve partir do governador paulista.
Em Pernambuco, o PSDB tem como pré-candidata ao governo Raquel Lyra, prefeita de Caruaru. Ela apoiou Eduardo Leite na votação interna da sigla, mas deu declarações de que agora estará ao lado de Doria.
Conforme o jornal Folha de S.Paulo revelou em novembro, Lyra estava mais propensa a ser candidata a governadora se Eduardo Leite fosse candidato a presidente, mas o governador gaúcho acabou derrotado nas prévias tucanas.
A tucana avaliava que o gaúcho seria a novidade na campanha eleitoral e poderia ajudar na transferência de votos no pleito pernambucano, que deverá ser duro para a oposição, que tem como objetivo tomar o poder após quatro governos seguidos do PSB.
Apesar disso, Raquel tem dito a aliados que está animada com a possibilidade de disputar o Executivo estadual. O problema pode ser uma aliança com o PL, partido de Bolsonaro e comandado em Pernambuco pelo prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira.
Caso a cúpula do PL vete apoio à candidata do PSDB em Pernambuco, similar ao que ocorreu em São Paulo, a chapa de Lyra ficaria fragilizada, pois ela, além do partido de Bolsonaro, tem aliança com Cidadania e PSC, legendas com menores tempos de propaganda na televisão e em número de prefeitos.