A divulgação de um vídeo em que o ex-presidente Michel Temer aparece rindo de um humorista que faz uma imitação desmoralizante do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) causou um choque no Palácio do Planalto.
De todos, o mais decepcionado foi o presidente. Depois de fazer o clima político esquentar com os atos de 7 de Setembro, Bolsonaro sabia que era o momento de diminuir a temperatura. Numa atitude surpreendente, escanteou todos os principais interlocutores –como os ministros Ciro Nogueira, Paulo Guedes, Fábio Faria e até o ex-minstro do STJ Admar Gonzaga– e escolheu o ex-presidente para construir a sua versão da “ponte para o futuro” –seu futuro político, no caso.
Temer chegou com uma carta em que Bolsonaro praticamente ajoelhava-se diante do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Alguns assessores intervieram, o texto foi modificado e finalmente se chegou a uma versão final. Quando a carta foi divulgada, a reação inicial foi muito negativa, mas o comando do bolsonarismo entrou em ação e conseguiu o apoio de importantes líderes, como a deputada Carla Zambelli e o líder caminhoneiro Zé Trovão. O incêndio parecia apagado.
Parecia. Bolsonaro não contava que Temer usarria o episódio para autopromoção. Desde que entrou no avião presidencial, que foi buscá-lo em São Paulo, o ex-presidente passou a produzir material para mostrá-lo, não como um conselheiro discreto e ex-presidente de pijama, mas como um político com ambições –presidenciais, como se viu em seguida.
Da decolagem para salvar o Brasil, passando por uma série de entrevistas às TVs, na qual gabava-se de ser um salvador da pátria, até cartazes bem produzidos de “Volta Temer” nos atos de 12 de Setembro.
Fonte: Poder 360