Por Nely Brandão
Estudos mais recentes mostram que a mulher ocupa 55% dos cargos públicos em órgãos do governo, olhando de forma mais detalhada essa presença se dá nas áreas de assistência social, mas há uma queda neste percentual quando analisamos os cargos eletivos e principalmente quando vamos para as áreas econômicas dos setores da gestão pública chegando a menos de 1,5%.
Sim, é visível que a mulher, ao logo dos anos, vem ocupando espaço na administração pública e esse avanço se deve a luta feminista por igualdade de gênero na política! Podemos destacar um ponto que mostra de maneira clara a discrepância dessa representação, quando falamos de cargos eletivos. A legislação eleitoral exige o percentual mínimo de 30% e o máximo de 70% para as candidaturas referente à sexo, o que vemos na prática é o jargão precisamos ter 30% de mulheres! Ora, ora, na candidatura a falta de paridade é tão grande que é remetida a mulher o percentual mínimo. E ainda verificamos verdadeiras candidaturas fictícias só para garantir o cumprimento da legislação para viabilizar candidaturas masculinas. Somos em média 51,7% de brasileiras mas elegemos apenas 15% do número de vagas para o congresso nacional, muitos podem até pensar que é o maior percentual da história, porém esse percentual de representação da mulher é muito aquém de um cenário ideal de igualdade de gênero.
Quando a questão é quanto aos de cargos de direção dos órgãos governamentais também não é diferente, independente do gênero há um perfil de liderança necessário para ocupar tal espaço, a mulher vem conquistando seu espaço por ser mais propensa em relação a compartilhamento de informações e flexibilidade, tal particularidade do perfil feminino agrega novos valores e práticas na gestão pública, características que são atreladas ao novo tipo de liderança de gestão exigido pela atual geração hiperconectada, que possui a informação na palma da mão, afinal um perfil multidisciplinar e criativo é bem feminino.
A área mais marcante quanto à presença da mulher, sem dúvida se dá nas áreas sociais, com destaque para assistência e educação, mas a mulher vem ganhando espaço na área de saúde, esses espaços estão sendo cada vez mais ocupados pela presença feminina. Já nas secretarias de obras há uma tímida representação, e na área econômica, nem se fala, temos poucas mulheres atuando com destaque.
Maiores oportunidades ao trabalho feminino estão surgindo, não pela consciência da necessidade de igualdade, mas pela conquista feminina de seu espaço através de conhecimento técnico e destaque quanto à força e liderança no trabalho. Uma lenta conquista dentro do modelo patrimonialista, que avança para um modelo gerencial.
A“cota” eleitoral vai ajudando aos poucos, mas não muda essa desigualdade de representação feminina na gestão pública, na política e na liderança, o que realmente faz a diferença e transforma o cenário é o empoderamento da mulher que vai lá, decide e faz, quando se trata da execução de políticas públicas.
Nely Brandão é advogada e colunista do blog