Nesta quinta-feira (08), o Prefeito João Campos lançou o Programa Ciclo de Cuidado de combate à pobreza menstrual, com o objetivo de beneficiar cerca de 17 mil estudantes da rede municipal em situação de vulnerabilidade social e econômica, transformando Recife na primeira capital a adotar a iniciativa.
O prefeito anunciou que serão investidos R$ 1,5 milhão para aquisição de absorventes e que haverá capacitação dos professores e professoras para garantir que todas as meninas envolvidas no projeto sejam acolhidas e orientadas, possibilitando uma redução das ausências em dias letivos destas estudantes durante todo o período menstrual e, consequentemente, evitando prejuízos à aprendizagem e ao rendimento escolar.
“Nós vamos fazer capacitação dos professores e professoras para habilitá-los a debater esse tema na escola e garantir que as meninas do Recife, estudantes, terão esse acolhimento por parte da Prefeitura e que a gente possa dar o direito de elas assistirem às aulas. Fazendo isso a gente deve reduzir essa evasão e que a gente possa, com dignidade, quebrar o tabu de discussão desse tema”, explicou o prefeito João Campos no lançamento. Entre as jovens que deixam de frequentar a escola quando menstruadas, cerca de 48% tentaram esconder que este foi o motivo da ausência e 45% acredita que não ter ido à aula devido ao período menstrual impactou negativamente o rendimento escolar.
A deputada federal de São Paulo Tábata Amaral que, na Câmara, já propôs projeto para a distribuição gratuita de absorventes em espaços públicos e que tem debatido o tema em diferentes estados do Brasil, também participou do ato. “Infelizmente a menstruação ainda é um tabu, então muitas pessoas ainda não querem falar sobre isso, mas é um tabu que impacta muito negativamente as meninas. Elas perdem um mês e meio de aula por ano porque estão menstruadas, quando têm que recorrer a miolo de pão ou coisa até pior, o que causa infecções, então é uma questão de saúde, de educação e de dignidade”, disse ela.
De acordo com dados coletados pelo Fundo das Nações Unidas para Infância e Adolescência (Unicef), a menarca, que compreende o primeiro ciclo menstrual, de 90% das brasileiras ocorre em média no intervalo entre 11 e 15 anos de idade. Por isso, a Secretaria de Educação usou os 10 anos como idade mínima de referência para calcular o quantitativo das estudantes que serão beneficiadas com a distribuição dos absorventes descartáveis nas unidades escolares da Rede Municipal de Ensino do Recife.
O programa prevê ainda protocolos de atendimento e acolhimento às estudantes em parceria com as Secretarias de Saúde e da Mulher, bem como a produção de materiais informativos para estudantes, profissionais e pais ou responsáveis.