Em almoço marcado com empresários e banqueiros em São Paulo, nesta quinta-feira (8), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que está aberto a discutir qualquer coisa no projeto de reforma tributária, para evitar risco de aumentos de impostos, porém salientou que não poderia abrir mão da cobrança de uma taxa de 20% sobre lucros e dividendos, dinheiro hoje pago a acionistas de empresas sem a necessidade de recolher impostos.
Na sua argumentação, o ministro disse que no mundo inteiro desenvolvido a receita é taxar menos as empresas e mais as pessoas físicas.
“Vocês não precisam dar cestas básicas. É só pagar os impostos. E têm de pagar sobre dividendos. Nós vamos compensar com imposto mais baixo nas empresas. Esta é a única chance que teremos de melhorar o sistema tributário. É uma janela de oportunidade fantástica. Eu estou disposto a fazer mudanças. Não vamos jogar fora esta oportunidade. Vamos aperfeiçoar o projeto”, disse o ministro.
O encontro foi organizado pelo empresário João Camargo, que criou a empresa de eventos e relacionamento Esfera Brasil, para competir com o Lide, do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Entre os presentes estavam Alberto Saraiva, fundador do Habib’s; Bruno Blatt, presidente da Qualicorp; Candido Pinheiro, fundador da Hapvida; Carlos Jereissati, presidente do Iguatemi; Eduardo Diego, diretor de Administração e Finanças do Sebrae Nacional; Jean Jereissati, presidente da Ambev; Luiz Carlos Trabuco, presidente do Conselho de Administração do Bradesco e Rafael Furlanetti, sócio-diretor institucional da XP Investimentos.
Durante a reunião, Guedes foi confrontado com várias situações de difícil solução como, por exemplo, as empresas que em seus setores são obrigadas por lei a criar as chamadas SPE (Sociedade de Propósito Específico). Isso ocorre com shopping centers ou com empresas que atuam com concessões públicas. Pela nova regra que a reforma tributária propõe, quando a empresa principal (a holding) repassar fundos para uma nova SPE para investir em um negócio que está sendo criado, terá de pagar imposto sobre o lucro usado na operação. Isso tornará novos investimentos em infraestrutura muito difícil.
Depois de ouvir todas as considerações, o ministro disse que o projeto de lei pode ser alterado, em casos específicos, para evitar tais distorções. No final do almoço, os empresários e os banqueiros reagiram de maneira polida e aplaudiram o ministro, mas ninguém deixou o local convencido, pois não acham que seja possível consertar a reforma tributária.
A votação do projeto da reforma tributária ficou para agosto. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o texto não será votado enquanto “não estiver maduro e discutido com todas as bancadas”.
Com informações do Poder 360