Dani Portela fala que sistema eleitoral não foi criado para colocar negros em espaços de decisão

A candidata à Prefeitura do Recife, Dani Portela (PSOL/ Rede), participou do lançamento da Carta Manifesta da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco para as eleições de 2024. O evento aconteceu durante a noite desta quarta-feira (25), na sede do SOS Corpo – Feministas pela Democracia, e contou com a presença de lideranças dos movimentos negras e negros e feministas do Nordeste.

O documento reafirma apoio às candidatas negras que estão disputando os cargos de vereadoras e prefeitas em seus respectivos municípios nessas eleições e que estejam comprometidas com os princípios, diretrizes e propostas da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco.

A candidata abriu a sua fala com o tema mulheres na política. “O sistema eleitoral não foi criado para colocar negras e negros em espaços de decisão. Eles foram criados para perpetuar os mesmos grupos e partidos no poder. Quando elegemos pessoas como eu, que fui eleita a vereadora mais votada do Recife, outros vereadores vieram me perguntar como eu havia recebido tantos votos. Eles acharam impossível que alguém como eu, mulher negra, tivesse passado a frente de campanhas que custaram valores altíssimos. Por isso, precisamos fazer um compromisso de puxarmos os partidos de esquerda ainda mais para a esquerda e de fazermos uma banca de identificação para que não haja fraude nas cotas raciais. Porque, depois das cotas, pessoas que se declararam brancas, passaram a se declarar negras, para poderem ocupar essas vagas.”, informou Dani.

A candidata reforçou que, finalizada esta eleição, é necessário pautar uma reforma profunda no sistema eleitoral. “Nós não queremos cotas. Somos a maioria e queremos a totalidade das vagas. Enquanto o número de mulheres vem aumentando no mundo, em contrapartida, no Brasil, vem diminuindo o número de mulheres eleitas. Hoje, as mulheres que chegam a se eleger ficam em torno de 17%, dessa totalidade, apenas 3% são negras. Precisamos mudar essa realidade. Quando converso com as pessoas nas ruas e digo que sou candidata à prefeita, as pessoas me questionam se não sou a vereadora. Quer dizer, nem sabem que já estou como deputada. E isso não acontece em um local específico, são todos os lugares. Não é discurso identitário, é sobre as nossas vidas.”, afirmou Dani.

Por fim, a psolista destacou algumas das suas propostas de governo para a população negra. Entre elas estão, criar a Secretaria Municipal de Igualdade Racial, com equipe e orçamento adequados para uma atuação firme e competente no enfrentamento ao racismo e na promoção da igualdade.

Ela também promete recriar o Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), garantindo sua plena implementação em todas as áreas da gestão municipal. “Pretendo atualizar e implementar o Plano Municipal de Igualdade Racial e transformá-lo em lei e avançarmos na implementação da lei de cotas nos concursos públicos, além de fortalecer o GTERER, para avançar na implementação das leis que  ampliem o investimento na formação de professores e professoras para uma educação antirracista”, registrou a candidata.