Por Hamilton Rocha
No dia Internacional da Mulher, 08 de Março, o Blog do Jorge lemos abre espaço para uma militante dos movimentos sociais e da política do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. Sem ocupar cargo eletivo há quase 20 anos, a ex-vereadora Efigênia Maria de Oliveira relembra sua história de luta em defesa das mulheres e da participação feminina na política.
Mineira, Efigênia Oliveira chegou ao Cabo de Santo Agostinho em 1969. Veio fazer uma visita ao marido que morava no município e não voltou mais à terra natal, exceto para visitas a familiares e amigos. Ela viu de perto as dificuldades das pessoas numa terra de poucas oportunidades de trabalho e falta de atenção do poder púbico em atender às necessidades básicas da população. Em 1984 ajudou a fundar o Centro das Mulheres do Cabo, instituição que até hoje tem um trabalho destacado no enfrentamento à violência de gênero.
Eleita por duas vezes vereadora no município (1997/2000 e 2001/2004), Efigênia levou como principal bandeira para o Parlamento a defesa dos direitos da mulher. “Eu entrei para a política por causa do movimento social, das propostas do movimento de mulheres que eu representava. Não tinha quem tivesse mandato pra bancar e discutir os projetos”, recorda Efigênia, que lamenta a pouca participação feminina na política até nos dias de hoje. “No Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais, a presença da mulher ainda é pequena”, completa.
A ex-vereadora atribui a pouca participação das mulheres na política às dificuldades impostas pelos partidos, comandados na sua maioria por homens, apesar de as mulheres representarem mais de 50% do eleitorado. “Os partidos se organizam de uma forma que é difícil para as mulheres ocuparem seus espaços. Todo partido tem um cacique”, diz Efigênia.
Afastada da política, Efigênia revela que participa dos movimentos sociais. “Depois dos mandatos, eu continuei fazendo as coisas que sempre fiz. Mesmo hoje, com dificuldades provocadas por problemas de saúde, não deixei de fazer o trabalho social e ainda faço. A única coisa que fortalece a política é quando temos um movimento social organizado”, analisa a ex-vereadora.
A experiência de mais de 50 anos vividos no Cabo de Santo Agostinho, fez Efigênia ver de perto momentos distintos da vida da cidade. Entre esses momentos, ela cita a chegada de milhares de pessoas em busca de empregos no Complexo Industrial e Portuário de Suape. “Tem muita gente que veio para esse processo de Suape, e na hora que desmobilizou uma grande parte ficou. Então, o cabo não cresceu, ele inchou. As pessoas que ficaram não têm compromisso com a cidade”, reflete Efigênia.
No 8 de Março, a ex-vereadora do Cabo de Santo Agostinho deixa uma mensagem sobre a importância da participação da mulher nas lutas sociais e na política. “Eu tenho dito que é importante a participação das mulheres na política e isso deve começar cedo, mas é preciso capacitar as mulheres e filiar em partidos políticos”, defende Efigênia.
A ex-vereadora faz questão de destacar seu amor pela cidade que escolheu para viver desde o final da década de 1960. “Eu sou mineira de origem e cabense de coração. Meus filhos nasceram aqui, se educaram aqui e vivem aqui”, finaliza Efigênia.