20 anos sem Byron Sarinho

Por Ciro Carlos Rocha

Novembro de 2022. Há 20 anos, num momento em que as maiores atenções na seara política estavam voltadas para as articulações (e especulações) envolvendo a formação do primeiro governo da Era Lula ¬ e em Pernambuco para o secretariado da segunda gestão Jarbas –, éramos surpreendidos com a notícia do adeus de Byron Sarinho à vida. Uma notícia, um grande nó na garganta.

À época na editoria de Política do JC, estava reunido com a equipe quando chegou a informação. Da surpresa geral à tarefa de noticiar a história e a decisão extrema tomada por um dos políticos que admirava. Pela atuação firme e compromissada por onde passou, seja nas gestões municipais do Recife (Jarbas), Cabo (Elias Gomes) e Jaboatão dos Guararapes (interventor) , seja nos mandatos na Câmara Municipal e Assembleia Legislativa.

Também, porque não dizer, das oportunidades de conversas molhadas no Dom Pedro, na Rua do Imperador, onde Byron tinha espaço cativo. Muitas vezes mandava comprar os jornalões do Sul na banca Globo (o digital ainda não havia atingido os impressos) e ficava ali, bebericando e conversando à toa, a espera dos amigos mais chegados. Sempre com boas histórias, reflexões e provocações, mas com muita lucidez e seriedade, sem baixar o nível (o que hoje é raro).

Byron partiu porque não queria envelhecer, o que imaginava que iria trazer sofrimento e mudanças na vida que não estaria disposto a se submeter. Tinha 60 anos. Um pouco de seus escritos constam no livro “Solidarizando – Guardados de Byron Sarinho”, que amigos organizaram e lançaram em 2012 pela Bagaço. Mas pena que, nesse Brasil tão complicado (e às vezes até hilário) de hoje não contamos com o Byron oitentão para colocar muitos pontos nos is com suas reflexões.

Ciro Carlos Rocha é jornalista e foi editor de política do Jornal do Commercio