PT de Pernambuco se mostra favorável à chapa Lula-Alckmin

Desde que a possibilidade de haver uma composição entre Lula (PT) e Geraldo Alckmin (sem partido) surgiram debates internos e externos no PT. Parte da militância do partido não esquece os embates e acusações feitas pelo ex-tucano ao petista; outra, afirma que isso faz parte do passado e que o momento pede união.

A ala favorável à formação de uma chapa com o ex-governador paulista, seguindo o desejo de Lula, é majoritária na sigla, mas encontra resistências em nomes como o do ex-deputado federal e ex-presidente do partido, José Genoíno, e no deputado federal Rui Falcão (PT-SP). Ambos são signatários de um abaixo-assinado publicado nas redes sociais, nos últimos dias, contra a aliança.

Na petição, petistas e simpatizantes da legenda, argumentam que “Geraldo Alckmin participou e apoiou publicamente toda esta operação golpista e neoliberal” a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT), da prisão de Lula e da eleição de Jair Bolsonaro (PL), além de possuir “uma longa trajetória de combate às posições nacionais, democráticas, populares e desenvolvimentistas”.
O texto ainda pede ao Diretório Nacional do partido que a posição de vice de Lula seja ocupada por alguém “comprometido com o programa de reconstrução e transformação, pessoa de total confiança política e sem nenhum vínculo com o golpismo e o neoliberalismo”. Apesar da repercussão, o abaixo-assinado atraiu poucos adeptos: cerca 1.280 assinaturas foram feitas até esta terça-feira (18).
Essa questão passa diretamente pela discussão que vem sendo feita nos estados, onde os acordos entre o PT de Lula e o PSB – tradicional aliado dos petistas e possível nova casa de Alckmin – ainda encontram obstáculos. Se em algumas unidades da federação, a exemplo do Rio de Janeiro, as definições estão mais encaminhadas, em outros, como São Paulo e Pernambuco, as costuras ainda estão sendo feitas.
O deputado estadual Doriel Barros, presidente do diretório pernambucano do PT, afirma que “a maioria do partido tem um entendimento de que a gente tem que construir uma frente e juntando forças com o centro”, apesar da resistência de alguns membros, que criticam a movimentação, lembrando o papel do MDB de Michel Temer na derrubada do Governo Dilma.
Para Doriel, Alckmin “é um nome que tem uma força muito grande”, além de ser “uma pessoa completamente diferente” do emedebista. “Acreditamos que seria um vice que não iria agir com as mesmas formas não republicanas que Temer teve”. No entendimento do dirigente petista, é preciso ir além do campo da esquerda para vencer as eleições.
A avaliação do deputado é semelhante à da deputada estadual Teresa Leitão. Membro da Diretório Nacional da sigla, Teresa também defende uma ampliação no arco de alianças para apoiar Lula, incluindo a composição com um nome de centro-direita na vice-presidência. “O que eu acho do vice de Lula, sem querer personalizar, é que não pode ser ‘pão com pão’. Ou seja, não deve ser o vice do Nordeste, onde a gente é mais forte, não deve ser um vice do nosso campo; deve ser um vice mais ao centro, para a gente pegar uma fatia importante do eleitorado.”
Teresa, no entanto, aponta que a definição dependerá da escolha do novo partido de Alckmin – que também flerta com PSD e Solidariedade. O entendimento é compartilhado com a deputada federal Marília Arraes. “Acho que pode ser sim, a depender do partido que ele vá se filiar, mas depende da afinidade que o presidente Lula tem com ele e da decisão de Lula”, pontua Marília, que avalia o ex-tucano como um nome de centro. “Na minha opinião, deve ser considerado [na chapa].”
Entusiasta da aliança e próximo às discussões que vêm acontecendo, o senador Humberto Costa acompanha o sentimento geral. Para Humberto, além do apoio eleitoral importante em São Paulo – maior colégio eleitoral do país –, o ex-governador agregaria “uma simbologia para a chapa de Lula que dialoga com muitos setores com os quais a gente diminuiu o nível de diálogo”.
“É uma pessoa que dá mais seriedade a chapa, alguém que pode ajudar na governabilidade. Portanto, eu acredito que é positivo. Espero que nós consigamos fazer essa construção”, conclui.
Nesta sexta-feira (21), o diretório estadual da legenda se reúne virtualmente para debater os passos que serão dados pelo partido, em Pernambuco, antes das eleições. O nome de Alckmin certamente será mencionado.