Operação Lava Jato sai de cena quase esquecida

A operação Lava Jato teve início em março de 2014, com o objetivo de apurar as denúncias de corrupção na Petrobras e que ditou os rumos do país nos últimos sete anos.

Foram apurados desvios de recursos da Petrobras de 2004 a 2012 por pessoas ligadas ao PT, ao PMDB (atual MDB) e ao PP, onde a empresa desembolsava mais do que deveria por obras e equipamentos. As construtoras e outras empresas pagavam propina a operadores indicados pelos partidos. As provas encontradas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) resultaram em condenações judiciais.

O dinheiro da corrupção era destinado a políticos e também aos diretores e operadores envolvidos. Parte disso alimentou doações legais de construtoras a campanhas eleitorais, mas a origem era o dinheiro das obras superfaturadas.

A operação ganhou esse nome Lava Jato pela PF, em referência ao posto de Chater em Brasília, no Setor Hoteleiro Sul, e teve origem como desdobramento de investigações iniciadas na década de 1990 sobre remessa ilegal de recursos para o exterior por meio do Banestado, banco estadual do Paraná privatizado em 2000. Em 2003, as operações foram investigadas em uma CPI da Câmara dos Deputados.

Em 2008, a PF passou a investigar o doleiro e empresário Alberto Youssef. Ele havia feito delação premiada no caso Banestado, mas suspeitava-se de que continuava a cometer crimes.

Ainda em 2008, o empresário Hermes Magnus, sócio de Janene, contou à PF que o deputado usava a empresa de ambos para lavar dinheiro. E em 2009, a PF descobriu que Youssef fazia operações ilegais em conjunto com outro empresário e doleiro de Brasília: Carlos Habib Chater, dono do Posto da Torre. O então juiz federal Sergio Moro, que atuava em Curitiba, propôs em 2013 à PF do Paraná a reestruturação do grupo de investigação de crimes financeiros. Moro havia trabalhado no caso Banestado e em outros envolvendo lavagem de dinheiro.

Em 2014, a PF reuniu informações para pedir a prisão preventiva de Youssef. Costa também foi preso, revelando em delação premiada o esquema de corrupção envolvendo a estatal, fornecedores e partidos políticos. Mais tarde o doleiro também fez um acordo com o MPF para fornecer informações e ter a pena reduzida.

Executivos das empresas investigadas foram presos temporariamente por determinação de Moro. Sob pressão, fizeram acordos de delação premiada incriminando políticos. Houve críticas ao fato de haver investigações e julgamento no Paraná por fatos não ocorridos no Estado. O juiz argumentava que tinham relação com os crimes de Youssef.

Em 2016, Moro determinou a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para prestar depoimento. Dois anos mais tarde, em 2018, o petista viria a ser preso depois de ser condenado por Moro e pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) por corrupção e lavagem de dinheiro por meio de obras em um apartamento tríplex no Guarujá (SP).

No fim de 2018, Moro aceitou convite do presidente eleito, Jair Bolsonaro, para ser ministro da Justiça. Pediu demissão do cargo de juiz.

No ano seguinte foram divulgadas trocas de mensagens hackeadas entre Moro e procuradores da Lava Jato. O juiz foi acusado de trabalhar sem isenção, direcionando investigações com a intenção inicial de condenar Lula e outros políticos. Lula foi solto no fim daquele ano por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

Em 2020 Moro deixou o cargo de ministro da Justiça por divergências com Bolsonaro sobre a nomeação do diretor e de outros cargos da PF. No início de 2021, o STF anulou as condenações de Lula nos processos julgados por Moro em Curitiba por considerar que esse não era o foro correto. Os casos foram mandados para a Justiça Federal em Brasília.

Com a decisão do Supremo, a ação penal voltou à estaca zero, reduzindo a possibilidade de uma nova condenação tirar o ex-presidente da disputa eleitoral em 2022.

Com informações do Poder 360